ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 23.08.1988.
Aos vinte e três dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Octogésima Sétima Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Octogésima Sexta Sessão Ordinária , que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências, solicitando implantação de uma área de esportes e lazer no interior da quadra compreendida pelas Ruas Banco da Província, Correia Lima, Mutualidade e Banco do Comércio, fiscalização urgentíssima, da SMAM, quanto a excesso de ruídos, oriundos do depósito de carnes congeladas Becker, Miller & Cia. Ltda., situada na Rua Piauí, 174; 01 Pedido de Informações, acerca de funcionários de carreira ou CLT lotados na EPATUR; pelo Ver. Marcinho Medeiros, 01 Pedido de Providências, solicitando um bico de luz na Rua Camila Furtado Alves, 75; 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 139/88 (proc. n° 1808/88), que denomina Av. Donário Braga um logradouro público; pelo Ver. Valdir Fraga, 07 Pedidos de Providências, solicitando que seja decretado o enquadramento, no Plano Diretor, de áreas a serem denominadas logradouros de lazer, recreação e turismo, instalação de um banheiro público na Praça da Saudade, Azenha, criação de um sistema especial de transporte coletivo que funcione de hora em hora, a partir das vinte e quatro horas, instalação de hidrômetro nos blocos localizados na Vila Restinga, liberação das áreas de estacionamento proibido em toda a cidade, a partir das vinte horas, melhorias no sistema de iluminação de ruas e avenidas relacionadas em anexo e sinalização especial nas áreas denominadas de logradouros de lazer, recreação e turismo; pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Projeto d Resolução n° 32/88 (proc. n° 1439/88), que concede o título honorífico de Cidadã Emérita a Srª. Antônia Medeiros Collares. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Marcinho Medeiros discorreu sobre a atual administração municipal, congratulando-se com o Prof. Joaquim Felizardo, por seu trabalho à frente da Secretaria Municipal de Cultura. Lamentou a falta de conservação das vias públicas e dos corredores de ônibus de Porto Alegre, solicitando providências para esta área. Teceu comentários sobre a votação, pela Casa, do Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 15/87. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Ver.ª Bernadete Vidal registrou o transcurso da Semana Nacional do Excepcional, comentando a luta sempre enfrentada pelos excepcionais contra a discriminação social e a falta de uma política governamental de apoio e atendimento efetivo que lhes permita viver melhor. Falou sobre a inauguração, no Bairro Cristal, de uma Escola de Atendimento ao Excepcional. Ainda em COMUNICAÇÕES, a Ver.ª Teresinha Irigaray reportou-se ao pronunciamento, de hoje, da Ver.ª Bernadete Vidal, acerca do transcurso da Semana do Excepcional, destacando a inauguração, no Bairro Cristal, de uma escola especial para atendimento de excepcionais, o CIEM Dr. Eliseu Paglioli. Ainda em COMUNICAÇÕES DE LÍDER, a Ver.ª Teresinha Irigaray denunciou a situação precária em que vivem os excepcionais recolhidos à Fundação Ana Jobim, em Viamão, dizendo que eles encontram-se praticamente abandonados e questionando os motivos pelos quais ainda não foi encontrada, pelo Governo Federal, uma solução para esse grupo de deficientes. O Ver. Jorge Goularte teceu comentários sobre o aumento concedido aos preços dos combustíveis, criticando a atuação do Governo Federal. Atentou para a constante falta de “quorum” verificada na Assembléia Nacional Constituinte, lamentando a atuação dos deputados na votação da nova Constituição Brasileira. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Raul Casa falou sobre os contratos de prestação de serviços médico-hospitalares firmados pela Empresa Golden Cross, alertando para os aumentos constantes observados na prestação desses contratos e para diversas irregularidades existentes no mesmo. E o Ver. Flávio Coulon analisou o papel a ser representado por um Vereador de oposição dentro de um Legislativo. Sugeriu a criação de, pelo menos, mais cinco linhas transversais de ônibus no Município, permitindo um melhor atendimento aos usuários deste tipo de transporte coletivo. Ainda em COMUNICAÇÕES DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt comentou a votação, semana passada, do Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 15/87, dizendo estar encaminhando Pedido de Informações acerca de distúrbios ocorridos naquela ocasião, em face de denúncias da participação, nos mesmos, de funcionários públicos ligados ao PDT. Durante os trabalhos, a Ver.ª Bernadete Vidal solicitou a constituição, pela Casa, de uma comissão com vistas a estudar as condições em que vivem os excepcionais recolhidos na Fundação Ana Jobim. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e quarenta e dois minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas, em homenagem ao BANRISUL, pela passagem de seus sessenta anos de atividades. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Jorge Goularte, o último nos termos do art. 11, § 3° do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Jorge Goularte e Jussara Cony, Secretários “ad hoc”. Do que eu, Jorge Goularte, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Uma das coisas mais difíceis para um Vereador de oposição, é
elogiar o trabalho de governo. Dos atuais Secretários do Sr. Prefeito
Municipal, um tem-se destacado bastante, inclusive, mandando a esta Casa
relatórios e convites de promoções. Trata-se do Secretário Joaquim Felizardo,
da Secretaria de Cultura do Município, ao qual rendo a minha homenagem de
Vereador de oposição nesta Casa. Felizardo é, hoje, talvez, um dos mais destacados
Secretários que possui a equipe do Sr. Alceu Collares.
Com relação à educação, ela está não tão bem quanto se esperava, mas
está atuando relativamente bem, agora, quem anda pela Cidade, nota o abandono
da Administração para com os logradouros públicos. É impressionante a ausência
– a não ser de vez em quando, dando uma varridinha quando há muita sujeira – do
serviço de conservação de vias públicas de Porto Alegre, especialmente na Zona
Norte. Quem transita pela Assis Brasil, como este Vereador o faz diariamente,
vai notar uma grande fuga d’água que há mais de um ano está localizada no
triângulo da Assis Brasil, ali, onde a Assis Brasil bifurca. Quando nós
estudamos aqui problemas do DMAE, apresentamos Projetos – e está para vir
inclusive um Projeto do Plano de Carreira dos funcionários do DMAE – nós
notamos, abertamente, na cara de todos que usam a Av. Assis Brasil, e até do
Sr. Prefeito quando se deslocou para a Zona Norte de Porto Alegre,
escancaradamente uma fuga d’água no leito da rua , no meio da rua, que até hoje
não foi solucionada. Ainda hoje, quando vinha com minha moto, no sentido do
Bairro Sarandi para o Cristo Redentor, levei uma molhada dos carros e isso não
é pela primeira vez. Parece-me que aquilo é o atestado do descaso da repartição
pública, com relação às benfeitorias e àqueles serviços que deve prestar na
administração à população.
Portanto, gostaria que esta Casa se dirigisse ao Sr. Prefeito para que
este solucionasse esses problemas. Um outro aspecto, na Av. Assis Brasil, é o
descaso pelos corredores de ônibus, que foram construídos para melhor dar vazão
ao trânsito e a algumas avenidas de nossa Cidade. Pois o corredor de ônibus da
Assis Brasil é um atestado da incompetência administrativa da Administração
Alceu Collares. Passa-me pela memória que muito pouco, ou quase nada, foi
realizado nos corredores de ônibus de Porto Alegre. Então, o barco está à
deriva, porque notamos que a administração pública está preocupada muito mais
com as obras faraônicas, com grandes projetos, que não vão ser executados na
atual administração, mas que, provavelmente, serão planejados e negociados na
atual administração como, por exemplo, o Projeto Praia do Guaíba e Projeto Rio
Guaíba e disso, até agora, nada se viu. Então, esta Câmara enfrentou um dia de
pancadaria, de quebra-quebra, felizmente, Srs. Vereadores, contra e a favor,
nada sofreram, não foram agredidos, mas a agressão foi pelas torcidas – a do
contra e a do a favor. A torcida do a favor, instalada desde as 10 horas e a do
contra, do lado de fora, sem poder entrar. Assistimos àquele triste espetáculo
nesta Casa, onde a pancadaria correu solta. É uma realidade que nos foi
colocada pela atual administração. Não deu para entender porque vir desde às
dez horas encher o Plenário, porque, de certo, haveria possibilidades de uma
reação contrária. Então, acho que administrar Porto Alegre é fazer obras, isso
não tem dúvidas nenhuma, mas existem as mínimas coisas que a Administração
pública pode prestar à comunidade, que não são obras faraônicas. Porque, uma Cidade
com o endividamento muito grande como a nossa, onde a falta de recursos na
Administração pública é notória, não pode ficar realizando obras faraônicas.
Agora, uma ponte sobre a Rua Bento Rosa, no valão do Sarandi, pode resolver
grande parte dos problemas daquela área. Vejam bem, uma ponte sobre a Rua
Severino Dias, na Vila Leão, também resolverá os problemas de enchente da área,
porque aquela que foi construída na Administração passada, em que houve até
brigas de Vereadores, no dia da inauguração, aquela é insatisfatória. Quando
chove, os moradores da Vila Leão têm verdadeiro pânico de enchentes. Eu vou
omitir o nome dos Vereadores que brigaram na inauguração, por uma questão de
ética, porque nenhum dos dois está presente neste Plenário, porque não me cabe
falar mal de colegas, quando os mesmos não estão presentes. Não houve agressão
física, evidentemente, o que houve foi bate-boca, porque cada qual se dizia
dono da obra, quando a obra foi solicitada pela Associação de moradores da Vila
Leão, na ocasião em que este Vereador era Presidente daquela Associação. Mas,
os ditos Vereadores não chegaram à agressão física, como aconteceu, aqui, com
os ecologistas, que a raiva era contida naquele dia, de tal forma, que foram
para a rua e continuaram brigando em batalha campal. É só abrir os jornais que
se vêem as fotografias.
Pois bem, essas obras que estou a reivindicar, não implicam grandes
investimentos, grandes quantidades de recursos do município, para atender às
necessidades daquela comunidade. Mas, mesmo assim, não estão sendo realizadas.
Encaminhei vários Pedidos de Providências ao Executivo, mas só um foi
respondido até agora. E foi respondido como se tivesse sido atendido. E com
testemunho dos moradores da Rua Gen. Canabarro – e verificarei se é verdade, realmente
– não foi feito nada lá. Trata-se da iluminação daquele logradouro, que fica
praticamente, às escuras durante a noite, no Centro da Cidade, colocando em
risco a vida dos moradores, pois se sabe que hoje é mais difícil andar à noite
no Centro da Cidade, pela falta de segurança e pela escuridão que ali se
encontra, do que num bairro ou numa vila popular, Esta é uma realidade. Para a
população pobre a polícia vai, mas para garantir um cidadão que também paga
imposto e que faz parte do conjunto da Cidade não aparece ninguém e, a todo o
momento, nós abrimos o jornal e lemos sobre crimes realizados no Centro da
Cidade. Pois os moradores da Rua Gen. Canabarro reclamaram da iluminação
pública da rua; este Vereador, na modéstia da sua suplência, fez um pedido ao
Executivo, para que estudassem a iluminação da rua, novamente, e este, depois
de algum tempo, respondeu que o pedido deste Vereador havia sido atendido,
coisa que não é verdade. É mais uma das inverdades da administração do Sr.
Alceu Collares.
Não estou aqui para julgar o Governo de Pedro Simon, e sim para julgar
o Governo de Alceu Collares. Se o Sr. Alceu Collares não atende,
satisfatoriamente, os pedidos desta Casa, ele precisa de vez em quando desta
Câmara, para poder exercer a sua Administração. Este Vereador tem-se
caracterizado como um dos Vereadores da Oposição, e quando vê méritos na
Administração cita-os, como eu fiz neste pronunciamento. Nós temos uma posição
de Oposição responsável. O que nós pedimos para a Cidade são necessidades que a
população precisa ver satisfeitas e esta é a nossa posição, que tem-nos
norteado sempre, quando temos a oportunidade de chegarmos até esta Casa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a
palavra a Ver.ª Bernadete Vidal, pela Bancada do PFL, em tempo de Liderança.
A SRA.
BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uso este
microfone e esta tribuna, para registrar, mais uma vez, a passagem da Semana
Nacional do Excepcional, ou da pessoa portadora de deficiência, Vou registrar
que, na primeira vez em que usei um espaço para falar nesta Câmara de
Vereadores, os tempos já eram difíceis. E eram bem mais difíceis. Tão difíceis,
que a própria imagem de uma pessoa cega, portando uma bengala branca, sugeria
que nos colocassem dinheiro nas mãos. E esta realidade eu vivi. Não podíamos
andar pela Rua da Praia, não podíamos andar pelo centro de Porto Alegre, em
busca do nosso trabalho, que as pessoas procuravam nos dar dinheiro, ou nos
transportar, dizendo: “vamos, que eu te levo para o ônibus do teu asilo.” A
realidade era bem essa. Mas, Srs. Vereadores, se a nossa imagem melhorou, e
melhorou creio que bastante, se a nossa luta – e eu tenho consciência da luta
que eu fiz desta tribuna, nesta Casa, e em todas as tribunas que pude
conquistar – se essa luta mudou um pouco a imagem dos deficientes, a realidade
deles, ela precisa continuar com mais vigor ainda. Neste décimo segundo ano que
eu ocupo a tribuna para marcar a Semana Nacional do Excepcional, o Governo
continua assistindo pouco aos excepcionais, a sociedade continua
discriminando-os, embora menos. Mas continua discriminando. E muitos
deficientes continuam na situação de esmoleiros, de pedintes, de sofredores, de
pessoas que ainda não chegaram a um trabalho, de pessoas que ainda não têm previdência,
de pessoas que ainda não são atendidas, que estão esquecidas e abandonadas.
Muitas destas pessoas continuam escondidas, amarradas em suas casas – não é só
no Ana Jobim, Ver.ª Teresinha Irigaray – mas amarradas em suas próprias casas,
para que a família possa ir trabalhar. E se continua dando esmola por
microfone, porque deficiente ainda é esmoleiro e o poder público, Srs.
Vereadores, continua desassistindo, enquanto se dá uma bengala, uma esmola,
nega-se todos os recursos que as entidades e associações, que tratam do
assunto, requerem dos órgãos públicos. Mas é mais fácil, sem dúvida, continuar
dando esmolas, não pões mais o dinheiro na minha mão, mas pões a bengala, e é a
mesma coisa. Continuam dando esmolas, e continuam desatendendo o deficiente, porque
enquanto não se traçar uma política séria para o deficiente, não teremos também
um atendimento sério como desejamos. Não posso deixar de saudar coisas
positivas, como os CIEMs especiais, embora o convite para a inauguração tenha
chegado dois dias depois, não importa, ele está lá, no Cristal, assim como
outros CIEMs espalhados pela Cidade, e eu cumprimento a administração do Dr.
Alceu Collares, porque na minha luta, nesta Casa, sempre coloquei a pessoa do
deficiente muito acima de qualquer partido político. Então, cumprimento a
administração Alceu Collares, assim como gostaria de estar cumprimentando a
administração do PMDB, se ela estivesse colocando recursos na Fundação de
Atendimento ao Excepcional, se ela estivesse trazendo para a fundação e para as
escolas técnicos mais bem pagos, mais valorizados. Gostaria imensamente de
estar batendo palmas para o Sr. Pedro Simon, mas não posso, porque na área dos
deficientes o atendimento não está sendo bem feito. Não posso bater palmas para
uma política que está dando esmolas, mas não o está preparando. Não posso, no
12 ano em que estou nesta Casa, bater palmas para a administração, porque
continuam com uma política bem pequena, continuam com a política do favor, com
a política do coitadinho, e com a política de dar coisinhas pequenas como fez
várias Administrações de Porto Alegre.
Cada terreno que Porto Alegre dá, em todas as
Administrações, inclusive do meu Partido, na Administração Alceu Collares,
também, podem contar, tem uma ocupação para ser tirada e o projeto da Escola
não sai. Sempre que o Município dá terra para se fazer alguma coisa para o
deficiente, ela está ocupada e, se deu esta terra, é porque têm que se tirar
pessoas que estão ali.
Eu não fiz Sessão Especial para tal fim, porque,
a última que eu fiz, havia dois Vereadores em Plenário, eu e o Presidente, da
época. Então, eu não fiz mais e faço, desta tribuna, mais uma vez, o discurso
que, infelizmente, eu faço há 12, 15
anos, o discurso de que ainda não somos levados a sério, o discurso de
que nós precisamos ser levados a sério, de que nós somos cidadãos e temos
direito à conquista da cidadania. É esse discurso que eu quero fazer, gasto,
mas sempre necessário na Semana do Excepcional e em todos os outros dias. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Está
inscrita, no período de Comunicações, a Ver.ª Teresinha Irigaray. S.Exa. está
com a palavra.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi a Ver.ª
Bernadete Vidal em seu apelo praticamente patético e dramático, eis que vivemos
numa sociedade que não há, realmente a menor preocupação com o deficiente
físico e também com o excepcional.
Mas, tenho, nesta tarde, Vereadores, que trazer
ao conhecimento da Casa o que eu assisti e vi no domingo quando, na abertura da
Semana do Excepcional, foi inaugurada a Escola Especial para Excepcionais, no
Cristal, que leva o nome de Dr. Eliseu Paglioli. E V.Exa., se tivesse
participado, se tivesse estado lá, teria ficado enternecida, teria ficado
gratificada, feliz, emocionada como todas as pessoas que ali estiveram, com
aquela obra que vai atender os meninos, as meninas e os adolescentes
deficientes do bairro Cristal. Realmente, eu nesta hora e nesta tarde abençôo a
obra feita, realizada, consumada e viabilizada pelo Prefeito Alceu Collares e
por sua Secretária de Educação Neuza Canabarro. Foi um dos espetáculos, Srs.
Vereadores, senhores funcionários, mais enternecedores que presenciei na minha
vida, quando um grupo de excepcionais adolescentes, vestidos com roupas
regionais dançaram as nossas músicas mais tradicionais. Era algo de motivador,
algo de comovente, algo de emocionar, aqueles pais e aquelas mães chorando de
emoção e de agradecimento por verem seus filhos, que são excepcionais, mas que
são crianças treináveis mentalmente, serem aproveitadas dentro da Administração
com uma obra maravilhosa como é o CIEM para excepcionais.
Pessoalmente não depositava tanta esperança e
confiança, embora soubesse do trabalho que ali seria realizado. Chorei,
Vereadores, mas comigo choraram todos os que assistiram. Então agora acho que o
excepcional não anda só com sua bengalinha, batendo nos gabinetes à procura de
alguma coisa para si, já tem quem os assista, já existe uma obra montada,
maravilhosa, edificada, que vai ficar na história desta cidade, porque para os
excepcionais foi feita, realmente, uma coisa excepcional, que nunca tinha sido
feita.
Vereadora Bernadete Vidal, V.Exa. eu sei que está
feliz, pois sabe o que é o trabalho para o excepcional, sabe o que é o trabalho
para o deficiente. E V.Exa. levantou a voz aqui quando o Prefeito Collares e a
Secretária de um grupo para deficientes e para excepcionais, quando chamaram e
disseram muitos desaforos, até desairosos, contra a vida do casal, quando foram
levar a idéia de levantar a escola para excepcionais.
Estou fazendo aqui a mais clara justiça, não
existiu ainda em Porto Alegre, não falo em matéria de educação, isso qualquer
um poderá tornar melhor, poderá aprimorar, poderá desenvolver. Mas a obra para
os excepcionais, para aquelas crianças que são repudiadas, que chegaram a ser
chamadas de monstros e que não poderiam conviver com a sociedade, palavras
ditas por um diretor de escola durante uma reunião, é algo que consterna.
A Sra.
Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento da
oradora.) Queria dizer que na hora ruim eu estava ao lado do Prefeito e do Sr.
Secretário – quase levamos pedradas; Ver.ª Teresinha Irigaray, quero recuperar
dois pontos. Um ponto: muito bom; quanto mais espaços para atendimento aos
deficientes em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no Brasil, melhor. E todo o
governo que estiver fazendo isso não está fazendo nada para ninguém chorar de
alegria.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: É que não tinham feito ainda, não é, Ver.ª
Bernadete Vidal?
A Sra.
Bernadete Vidal: Tinham feito sim.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Mas não assim. Uma escola pronta para os
excepcionais ainda não existia.
A Sra.
Bernadete Vidal: O próprio Município de Porto Alegre fez o COPA.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Mas não treinava os excepcionais, aqueles
mentalmente treináveis não havia curso nenhum para eles.
A Sra.
Bernadete Vidal: Há, Vereadora. E eu gostaria de retirar da
problemática do deficiente esse elemento, embora a gente seja emotiva – sou
muito emotiva – mas gostaria de que não se chorasse mais. Estamos precisando de
mais ação.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Vereadora, eu chorei porque me enterneci e não
tenho vergonha de dizer. Agora se V.Exa. não se comove, V.Exa. está acostumada
...
A Sra.
Bernadete Vidal: Vereadora, eu quero é trabalho.
A SRA.
TERESINHA IRIGARAY: Vereadora, eu acolho o aparte de V.Exa. e passo o
aparte ao Ver. Flávio Coulon, reiterando a minha emoção. Sou uma mulher
sensível, sou uma mulher emotiva, e realmente choro. Choro até por coisas
banais, porque não choraria num momento importante, quando a administração
marca um ponto e um marco fundamental?
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Vereadora, eu gostaria de me solidarizar com a sua
emoção e acho que realmente é um fato que deve ser destacado na administração
do companheiro Alceu Collares essa obra magnífica que ele acaba de inaugurar na
Segunda-feira. Tenho certeza absoluta e tenho dito sempre que se o companheiro
Alceu Collares tivesse sido em outros setores tão bem-assessorados como ele foi
no setor de educação, o governo dele marcaria época aqui na Cidade de Porto
Alegre, porque ele tem talento e ele tem competência para tanto. Muito
obrigado.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Eu acolho o aparte de
V.Exa., agradeço. Mas voltando à inauguração do CIEM especial do Cristal.
Também teve uma marca destacada, Ver. Flávio
Coulon, Ver. Aranha
Filho, Ver.ª Bernadete Vidal e Sr.
Presidente, é a escolha do nome. Estamos resgatando uma antiga dívida para com
uma pessoa que marcou também presença e passagem nesta Cidade. A figura do Dr.
Eliseu Paglioli, ilustre neurologista, que tanto ajudou, que foi abnegado, que
foi um defensor das causas sociais, ex-Prefeito desta Cidade, lá está, sendo
homenageado, num CIEM especial, para aqueles alunos deficientes, dentro daquela
sua aptidão, canalizando para aquele que foi, dentro da neurocirurgia, um dos
maiores cirurgiões, o maior médico, uma figura notável da Medicina. E lá estava
a figura do seu filho Dr. Eduardo Paglioli, brilhante cirurgião neurológico,
que segue a carreira de seu pai. Então, nós estamos plenamente gratificados,
primeiro, pela instalação do CIEM especial, e, segundo, pela homenagem a essa
figura destacada da comunidade, uma figura que todos nós respeitamos e que,
seguramente, foi uma homenagem que deveria Ter sido feita há mais tempo, mas
que a homenagem de Domingo resgatou ainda em tempo a figura ilustre do Prof.
Dr. Eliseu Paglioli.
O Sr. Marcinho Medeiros: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Ei queria me parabenizar com o pronunciamento da
nobre Vereadora, como pai de uma moça surda-muda. Espero que o CIEM especial
seja um passo dado pela sociedade porto-alegrense para conviver abertamente com
aqueles que são diferentes de nós. Na medida em que aceitarmos as pessoas que
são diferentes de nós e as entendermos como diferentes e, dentro das suas
diferenças, respeitá-las e ajudá-las a serem pessoas normais, para poderem
viver dignamente dentro da nossa sociedade, nós estaremos dando um grande passo
por uma sociedade mais justa e melhor. Espero que o CIEM seja esse passo
importante, apesar de haver outras entidades trabalhando pelos diferentes.
Muito obrigado.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Agradeço a V.Exa. pelo
aparte, Ver. Marcinho Medeiros. V.Exa. sabe que os deficientes ou os
excepcionais requerem um carinho especial de todos nós. Se uma criança normal
merece o carinho e a atenção de seus pais, de seus amigos, de seus familiares,
uma criança deficiente terá que ter redobrado esse carinho e esse amor que a
sociedade e a comunidade irá lhe dedicar.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com a
Ver.ª Teresinha Irigaray pelo espaço de 5 minutos.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Afora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a grata satisfação de ver inaugurada a Escola Especial para
Excepcionais do Bairro Cristal, junto esta alegria à denúncia, e uma tristeza
pela denúncia, e falo aqui em Liderança, me dirigindo aos Líderes presentes ou
aos Vereadores que possam ter acesso ao Governo Estadual. Já temos há tempos
esta denúncia, a Ver.ª Bernadete Vidal tem batalhado sempre sobre uma média de
20 a 30 excepcionais que estão na Fundação Ana Jobim, em Viamão, vivendo em
condições de animais. Estão marginalizados, são menores, meninos e meninas
excepcionais – e preste atenção, Ver. Marcinho Medeiros, porque sei que V.Exa.
vai ser um defensor nesta denúncia que estamos fazendo e apelando ao Governo de
V.Exa. – recolhidos para a FEBEM e repassados para a FADERS, que encaminhou à
Fundação Ana Jobim e aqui a denúncia: “de 40 a 50 excepcionais que estão
abandonados e em situação de verdadeiros animais, em situação alarmante, em
ambiente úmido, sendo inclusive utilizados para as mais diversas experiências”.
Eu não sei e nem me atrevo a dizer ou a insinuar que tipo de experiências estão
realizando com essas crianças.
Eu gostaria de saber o que é que foi feito, - Ver. Flávio Coulon, de
uma Comissão de Saúde que foi composta na Assembléia Legislativa, presidida se
não me engano pelo PT e que deveria Ter dado uma solução para essas crianças
que estão abandonadas no Ana Jobim, em Viamão. Eu quero saber que orientação,
quais as providências, o porquê, o critério, se é briga de Secretarias, se é a
Secretaria do Bem-Estar Social, se é a Secretaria da Saúde, seja lá o que for,
eu quero saber por que a FADERS os deslocou para lá, quais as providências que
está tomando e por que esses nossos excepcionais estão jogados feitos cães e
estão sendo alvos de experiências. Eu peço a V.Exa. que, como defensora dos
excepcionais, Ver.ª Bernadete Vidal, defensora dos deficientes, encaminhe
conosco, o pedido ou uma moção, uma carta, algo de apoio a que esses
excepcionais saiam de lá e saiam, sendo removidos para locais seguros. Quando
digo local seguro, refiro-me à segurança de sua integridade física, seguro na
sua integridade mental, estejam a salvo de qualquer experiência perniciosa.
Vejam bem: já são deficientes, já são crianças excepcionais, já são crianças
anormais, já são crianças que não convivem no meio sadio, no meio normal, e
ainda estão sendo submetidas a algo muito grave e sério. Uma ameaça, um perigo,
a que esta Casa deve tomar posição. Tivemos a satisfação de presenciar a
inauguração de um CIEM Especial, no Domingo. Foi uma alegria para todos nós,
foi uma emoção para todos nós. Os nossos corações vibravam de alegria quando
viram aquelas crianças dançando, alegrando seus pais e alegrando seus amigos.
Mas, os pais dessas 40 a 50 crianças que estão abandonadas ao deus-dará e à sua
sorte? E os amigos e pais dessas crianças que estão à mercê da sua própria
desventura? E essas crianças que estão entregues à sua própria sorte e à sanha
dos seus inimigos e adversários? Acredito que, se a FEBEM recolheu, não quis,
rejeitou: mandou para a FADERS, esta rejeitou, não quis, elas estão em jaulas,
Ver.ª Bernadete Vidal, agora estou me
lembrando. Algumas estão, praticamente, enjauladas, lá, no Ana Jobim. Estou
recebendo denúncias de conselheiros da APAE. Não é uma denúncia só, várias
pessoas estão denunciando isso. Então, tem algo aí, tem uma ameaça que está
pesando sobre as cabeças dessas crianças e alguém deve tomar conhecimento. O
poder público estadual tem que saber que não é só trabalhar em campanha
eleitoral. Não é só tratar da eleição de 15 de novembro, mas temos de ver essas
40 ou 50 crianças que estão abandonadas. É a nossa obrigação, é o nosso
direito, é a nossa responsabilidade. Estamos deixando passar coisas muito
graves em favor de coisas mais fáceis e mais bonitas. Vamos lá, Dr. Pedro
Simon, Governador do Estado, vamos saber o que existe aqui na Fundação Ana
Jobim, em Viamão. Mande averiguar, mande fazer a sua sindicância, pode mandar
dizer que é um dia festivo para os excepcionais, nesta semana que se encerrou
hoje. Mas, em primeiro lugar, mande ver o que está acontecendo atrás dos
bastidores. Talvez, S.Exa. o Governador não saiba o que está acorrendo. Mas,
vamos ver o que está acontecendo. Interpele a FEBEM, veja por que estas
crianças foram removidas para lá. E se alguém tiver a resposta de tudo isto e
destas denúncias, que venha aqui nesta tribuna e que responda a esta Vereadora.
Pois realmente estou preocupada como ser humano, como professora, como
Vereadora, mas, acima de tudo, estou preocupada como cidadã da Cidade, porque
sei que os meninos e as meninas estão abandonados em lugar úmido e sendo
submetidas a graves ameaças. Peço, exijo, e reitero uma resposta. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. BERNADETE VIDAL: Para um Requerimento, Sr.
Presidente. (Assentimento da Presidência.) Quero requerer à Casa que determine,
talvez, através da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, mas gostaria de
participar, que uma Comissão desta Casa vá ao local. Porque tinha conhecimento
que as instalações lá não eram tão boas assim, mas é o que existe para crianças
abandonadas, que as famílias rejeitam e a FEBEM acolhe, agora as condições e a
experiência, gostaria de saber que tipo de experiências são essas. Gostaria de
requerer à Casa que indicasse uma Comissão da qual quero fazer parte para
verificar o que está acontecendo de grave no local. Porque já havia denunciado,
não é só ali que há excepcionais amarrados e atirados a condições subumanas.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa defere e pedirá às lideranças às indicações.
O SR.
ARANHA FILHO: (Questão de Ordem): Escutando o Requerimento da
Vereadora Bernadete Vidal, como Presidente da Comissão de Saúde e Meio
Ambiente, diria que sou sensível ao apelo, mas na medida que esta instituição é
localizada em Viamão, está fora da jurisdição desta Câmara, razão pela qual
acredito que podemos, com outras medidas legislativas próprias como Indicação
ao Sr. Governador do Estado, e aceitando a colaboração da Bancada do PMDB,
dirimir essas dúvidas. Mas, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara é
impotente nesta Casa.
O SR. FLÁVIO COULON: Ver. Aranha Filho. V. Exa. tem
realizado memoráveis reuniões nesta Casa, como Presidente da Comissão de Saúde
e Meio Ambiente, e eu coloco à sua disposição a Presidente da FEBEM e toda sua
Assessoria, para nós realizarmos aqui uma Sessão Especial, onde ela pudesse
colocar o trabalho e responder às perguntas.
O SR. ARANHA FILHO: Vamos combinar para
Terça-feira pela manhã.
O SR.
PRESIDENTE: Ouvimos os Requerimentos, passa-se a ouvir a Liderança
do PL, Ver. Jorge Goularte.
O SR.
JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, como fazem os
covardes, como agem os covardes, mais uma vez o povo brasileiro foi apunhalado
nesta noite, com a alta inexplicável do combustível. Os covardes é que agem
assim, na calada da noite, para pegar todo mundo desprevenido mesmo, sem
condições de reagir, para que o outro dia já esteja tudo consumado. E o povo
brasileiro, anestesiado, vai seguindo seu caminho. Caminho difícil e inédito e
sem explicações. Essas altas que ocorrem neste País, e que parte do
combustível, porque daí em cascata o aumento de tudo. O óleo diesel foi que
teve o percentual maior, então vejam bem o que essa gente faz, o óleo e o gás
de cozinha que teve o percentual maior. Ou seja, onde o pobre utiliza mais aí
que eles taxam mais. O ônibus que transporta o pobre o diesel é mais caro. E o
gás de cozinha que o pobre ainda usa, porque lenha não existe mais, ainda sobe
de maneira incontrolável. Eu não estou certo em dizer que isso é um ato
covarde, praticado na calada da noite, quando todo mundo está sem condições de
reação. E, vejam, vejam bem, todos nós, nesta Casa, estamos estarrecidos, como
também está Irom Albuquerque, querido amigo de Carazinho, candidato pelo PMDB e
pelo PFL. Eu espero que V.Exa. seja eleito pelo gabarito que tem, pelas
condições extraordinárias que tem de radialista, de homem de grande projeção e
que possa influir neste Governo maléfico, cheio de covardes. É preciso que haja
gaúchos gritando em Brasília, que é o câncer deste País, que deveria ser
fechada, ainda hoje, para o bem deste País. Deviam deixar Brasília apenas para
os turistas. No passado, viviam marajás que nada faziam. E, lá, têm umas
avenidas, feitas em forma de um grande avião, com duas asas, onde todo mundo
voa, para dizer que todo mundo voa nos fins de semana, ninguém pára em
Brasília. Para fazerem a Constituição, com exceção dos bons, e os gaúchos são
os melhores, o Presidente, com aquela sua cara de Ramsés III, fica lá, aquela
múmia, dizendo: pelo amor de Deus, os vizinhos do Deputado se me ouvirem, este
Deputado que está em lugar incerto e não sabido, pelo amor de Deus, digam que
ele venha a Brasília. Eu fico envergonhado como brasileiro, como gaúcho.
Eu não sei se os meus colegas têm esta sensação,
quando eu vejo o Ramsés pedindo pelo amor de Deus que os Deputados venham a
Brasília para o esforço concentrado, que é tão esdrúxulo que começa às 6h da
tarde, de Segunda-feira, mas não vai ninguém. Não houve “quorum”, também ontem!
E assim vai o andor, carregado com sacrifício pelo povo brasileiro. E assim
vamos nós, sendo apunhalados por covardes, incompetentes, incapazes, que o povo
deve estar com saudades dos 10% de Delfim Neto. E se faziam os negócios, todos,
em relação a 10%. Eu lembro bem disto, porque sou homem de negócios, e faço
isto há 30 e tantos anos. Agora não se sabe mais a quantas andamos, todos os
dias. Os proprietários de postos de gasolina, que são homens que giram com o
capital, também se descapitalizam neste momento em que é aumentada a gasolina,
no fim do período, onde eles já estão com os tanques vazios. Então se girava
com 10 mil, já tem que girar com 15 no outro dia, para abastecer os tanques. Já
não falo mais na vergonha do engodo que se fez com este País, de transformá-lo
num imenso canavial, e fazer com que todas as pessoas comprassem carros à
álcool. E agora aumentam o álcool em proporção maior, para se equilibrar com a
gasolina. Antes incentivavam para economizar a gasolina e vendiam a gasolina –
porque tínhamos demais – a preços vis para os países vizinhos. Realmente, está
demais para se agüentar. E é lamentável que estes covardes apunhalem, na calada
da noite, como têm feito sempre, nestes últimos tempos, subindo,
quinzenalmente, na base de 20%, e mais o óleo diesel e o gás de cozinha. O óleo
transporta o pobre, que cozinha, ainda, quando tem alguma coisa para colocar na
panela. E esta é a crise social que se instala neste País, que vai para uma
situação incontrolável. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Raul Casa, que fala no período de
Comunicações.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, parece que nós estamos começando a assistir ao ressurgimento do
nosso combativo e sempre atrativo Vereador Jorge Goularte, que começou a deixar
de lado os panos quentes, para dizer tudo aquilo que nós todos temos vontade de
dizer também. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está como o diabo gosta. A
par de toda esta desorganização social, econômica e política que,
lamentavelmente, grassa em nosso País, quando vemos que algumas epidemias, que
se julgava já extintas no território brasileiro, voltaram com força,
curiosamente nestes últimos dois ou três anos, como é o caso da paralisia
infantil, quando se verifica que o povo simplesmente não pode comprar remédio,
simplesmente não tem como se medicar e passa a apelar para a homeopatia e para
as ervas caseiras, eis que uma empresa multinacional, prevalecendo-se da
circunstância de que a saúde, além de cara, é absolutamente necessária, está a
explorar, de forma vil – e covarde também – aqueles que cometem a imprudência,
ou não têm a cautela de ler este contrato, cuja cópia de um deles eu tenho aqui
comigo e só com lupa para se ler os artigos em que as pessoas aderem ao
contrato. O que faz a empresa? Aumenta as suas mensalidades, simplesmente
duplicando mês a mês os valores. A vítima, isto é, aquele que teve a desdita
de, na sua boa fé, na sua de querer proteger a si ou a seus familiares, busca o
abrigo da assistência médico-hospitalar, se vê simplesmente, agredida por
percentuais que ultrapassam qualquer possibilidade de cumprimento. Uma empresa que,
surpreendentemente, até bem pouco tempo atrás, era considerada de utilidade
pública, porque ela tratava da saúde pública, mas que não sei como, perdeu
curiosamente esta condição de entidade de utilidade pública, mas passou a ser
de utilidade pública internacional, porque é internacional. Tenho em mãos,
aqui, o contrato e a evolução das prestações de uma dessas vítimas da empresa
Golden Cross, a famosa Golden Cross, objeto de vários inquéritos federais, e
que, seguramente, vai Ter aquilo que merece; é uma empresa multinacional,
incrustada no Brasil, e que a pretexto de vir suprir uma deficiência da nossa
previdência social, se propõe a prestar serviços médico-hospitalares. Tenho
aqui, um quadro de uma das vítimas que, como disse, na boa fé, assinou esses
contratos, que todos conhecem, e que todo o mundo sabe, que nas suas
entrelinhas, é um contrato “leonino”, é um contrato que não tem volta, pois
essa pessoa, humilde, quando teve a desdita de assinar este contrato, em
outubro de 85, pagava 245 cruzados mensais, pois pasmem os senhores, que no mês
que ora transcorre, mês de agosto, a mesma vítima, se não morrer do coração,
vai morrer de inanição, está pagando mensalmente para uma assistência que
exclui “n” casos típicos, está pagando no mês de agosto que ora corre: 30.320
cruzados por mês, que é exatamente o valor que ela recebe de sua aposentadoria.
Mas será que estes constituintes, cuja classificação aqui foi dada pelo meu
ilustre antecessor, não se preocupam com isso? Estão preocupados com o quê?
Quando uma multinacional como esta faz uma devassa nas finanças daqueles que
não se acautelam e que não têm a possibilidade de Ter de volta aquilo que
empregaram, objetivando uma segurança e uma tranqüilidade no momento de
angústia para si e seus familiares? O que ocorre? A empresa nestas letras que a
gente só lê de lupa diz que a parte contratante perde o direito de qualquer
ressarcimento.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Raul Casa, confesso que ouvi rapidamente seu discurso,
mas já sei qual o seu teor. É exatamente o assalto que os imprecavidos cidadãos
estão sofrendo por parte destas companhias particulares de seguridade social. É
impressionante mesmo, Vereador.
O SR.
RAUL CASA: Está aqui, Vereador. Vou passar cópia disso aqui aos
demais Vereadores. E se V.Exa. me permite interromper o aparte que lhe cedi com
muito prazer, gostaria de chamar ao debate aqui um jurista, um homem que nós
respeitamos e ouvimos sobre este tipo de contrato de adesão, que é o Ver.Werner Becker.
O Sr. Flávio Coulon: Vereador, enquanto isso,
quero dizer que existe uma verdadeira indústria em torno destes Planos no
sentido de tomar as mensalidades, tomas a jóia dos cidadãos e depois obrigarem
por aumentos extorsivos nas mensalidades, o cidadão, sem nenhuma contrapartida,
a se retirar. Isso aí é uma tática absolutamente clara: no momento em que a
pessoa entra no Plano, doura-se a pílula; assim que ela paga 10 ou 20
prestações e começa a terminar a carência, eles aumentam violentamente,
inviabilizando a pessoa a continuar pagando. Ela é obrigada a se retirar, e
eles juntaram o seu dinheiro. É caso de polícia, Vereador, e V. Exa. faz muito
bem em levantar. Muito obrigado.
O SR.
RAUL CASA: Eu vou fazer aqui até um apelo ao ilustre Ver. Werner
Becker, para que estude e nos dê alguma informação sobre esse tipo de lesão que
está sofrendo aquele que comete a imprudência de assinar esse tipo de contrato,
Vereador. Eu apelo a V.Exa. Vou-lhe fornecer cópia desse contrato que V.Exa. já
deve Ter tido em mãos casos semelhantes, para que esta Casa – até agora, vejo,
com apoio da ilustre liderança do PMDB – busque a alertar a população para esse
absurdo.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, de há muito eu tenho uma tese: esses
chamados contratos de adesão – para os leigos: contratos que são feitos por
duas partes, mas uma parte apenas se sujeita a aderir às cláusulas já
estipuladas – deveria haver um artigo, se não na Constituição, mas no Código
Civil, que eles devem ser impressos, no mínimo, em Tipo 4, porque não é
possível que qualquer pessoa da mediania social tenha olhos para conseguir ler
isso aí. Portanto, eu até diria, numa demasia, que ao menos moralmente esses
contratos serão absolutamente nulos, pois não acredito que nenhum dos
signatários que tenha assinado, soubesse o que estava assinando. De outra
parte, eu não conheço especificamente os contratos da Golden Cross, mas sei que
esses tipos de contrato geralmente são extremamente leoninos, potestativos e a
grita dos vários assegurados demonstra que alguma coisa deve ser feita
inclusive por esta estatal que cuida da economia popular. Não é justo, não é
razoável que alguém na boa fé subscrite, pague, e quando tem o pior momento,
que é o momento de doença, venha discutir, ao invés de buscar o médico, ainda
tenha que buscar o advogado, na beira do leito, para Ter razão e poder Ter
assistência médica. Eu acho muito oportuno e se V.Exa. me convidar estou
disposto a trocar uma idéia com V.Exa. Vou sair ganhando, tenho certeza.
O SR.
RAUL CASA: Eu incorporo o seu pronunciamento com muito prazer e vou
fornecer a V.Exa. os elementos essenciais para que V.Exa. busque uma fórmula
que cesse e faça com que aqueles que contribuíram tenham de volta, ressarcida,
corrigida, aquela contribuição.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para adendar, Ver. Raul Casa, que o grupo que se
chama Golden Cross já está sob a mira da Polícia Federal.
O SR.
RAUL CASA: Outro elemento que eu incorporo, e que fique aqui o
registro, esperando que esse assunto tão importante que é a saúde pública,
mereça de maus Pares, em se tratando de uma lesão tão grave como esta que acabo de denunciar da tribuna,
encontre a devida repercussão nos órgãos a que está afeta a condução e a
administração deste tipo de absurdo. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge
Goularte): Com
a palavra o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, antes de
contar meu tempo, gostaria de participar à Casa que já entrei em contato com a
direção da FEBEM, sendo que ela já aceitou o convite do Ver. Martim Aranha para
na próxima terça-feira pela manhã comparecer a uma reunião da Comissão de Saúde
e Meio Ambiente nesta Casa. e Srs. Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Fica registrado, Vereador.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Muito tenho pensado sobre o papel de um vereador de oposição, com a
obrigação de cuidar de sua cidade, fiscalizar as ações do Executivo, efetivar a
excitante “guerrilha” política, mas sempre sem condições objetivas de fazer com
que se concretizem, na prática, as suas proposições, as suas idéias.
E, quanto mais tenho pensado, mais chego à estimulante conclusão de que
o que mantém vivo, atuante, realizado um vereador de oposição é, justamente, o
maravilhoso milagre de ter idéias, de poder colocar estas idéias na tribuna, de
ter essas idéias submetidas à opinião pública graças à generosidade e o
interesse com que os órgãos de comunicação as divulgam e, finalmente, de fazer
com que o Executivo Municipal seja estimulado a estudar essas idéias, por mais
exóticas que possam parecer.
Pois é uma idéia que me traz a essa tribuna hoje, idéia que me parece
simples e luminosa, que provavelmente já estará sendo estudada pela SMT e que
se já existe, vou ajudar a concretizar.
A minha idéia é a da criação de, no mínimo, mais cinco linhas
transversais de transporte na cidade.
Todos porto-alegrenses já sabem e já conhecem a grande utilidade dos
ônibus das linhas “T” para suas vidas. Trata-se de um tipo de trajeto já
consagrado pela opinião pública.
Dentro desse contexto e dessa constatação estudei com minha equipe mais
5 possibilidades que, sem delongas, passo a submeter aos meus pares e à opinião
pública.
Itinerário aproximado: Bento Gonçalves, Antonio de Carvalho, Protásio Alves, Otávio Santos, Guadalajara, Paul Harris, Cruz e Souza, Baltazar de Oliveira Garcia, Joaquim Silveira Gomes, Abílio Müller, Paul Harris - retorno.
Bairros diretamente ligados: Partenon, Vila João Pessoa, São José, Bom
Jesus, Agronomia, Vila Jardim, Vila Ipiranga, Jardim Itú-Sabará, São Sebastião
e Sarandi.
Justificativa: Permitiria, entre outras vantagens, uma possibilidade a
mais de acesso direto e semi-direto dos moradores aos bairros da Zona Norte, ao
campus e Hospital da PUC e ao campus UFRGS.
Itinerário aproximado: Carlos Barbosa, porto Alegre, Guilherme Schell, Monsenhor Veras, Livramento, Vicente da Fontoura, Dona Alice, Lucas de Oliveira, Passo da Pátria, Barão de Ubá, Cabral, Eng. Adolfo Stern, Prof. José Salgado Martins, Casemiro de Abreu, Bordini, América, Nova Iorque, Cristóvão Colombo, Quintino Bocaiúva, Casemiro de Abreu, Lucas de Oliveira, Cabral, Vicente da Fontoura, Oscar Pereira, Porto Alegre, Carlos Barbosa - retorno.
Bairros diretamente ligados: Medianeira, Santo Antônio, Partenon, Santa Cecília, Rio Branco, Petrópolis, Bela Vista, Mont’Serrat, Moinhos de Vento, Auxiliadora e Floresta.
Justificativa: Além de acesso direto entre esses bairros, usando basicamente a transversal Vicente da Fontoura há que considerar toda uma população que demanda aos cemitérios da capital, ao IPA, Colégio São Manoel, Parque Moinhos de Vento etc...
LINHA 3
Itinerário aproximado: Esplanada do Vaticano, Érico Veríssimo, Ipiranga, Ramiro Barcelos, Farrapos, Gaspar Martins, Cristóvão Colombo, Dr. Vale, Miguel Tostes, Cabral, Silva Só, Princesa Isabel, Carlos Barbosa, Esplanada do Vaticano – retorno.
Bairros diretamente ligados: Azenha, Santana, Santa Cecília, Rio Branco, moinhos de Vento, Floresta e Independência.
Justificativa: Usar a potencialidade de duas transversais importantes quais sejam a Rua Ramiro Barcelos e a Av. Perimetral II para ligar bairros de grande potencialidade econômica e habitacional.
Itinerário aproximado: Getúlio Vargas, Érico Veríssimo, Sebastião Leão, Lima e Silva, Venâncio Aires, Oswaldo Aranha,, Túnel, Farrapos, Garibaldi, Oswaldo Aranha, José Bonifácio, Santana, Venâncio Aires, Getúlio Vargas – retorno.
Bairros diretamente ligados: Menino Deus, Azenha, Cidade Baixa,
Santana, Bomfim, Independência,
Floresta e Centro.
Justificativa: aproveitar a potencialidade das transversais Getúlio
Vargas e Venâncio Aires e proporcionar mais um acesso direto entre conjuntos
populacionais e, desses, à rodoviária da cidade.
Itinerário aproximado: Juca Batista, Eduardo Prado, Cavalhada, Nonoai,
Teresópolis, Gomes Carneiro, Niterói, I Carlos Barbosa, Princesa Isabel, João
Pessoa, Freitas de Castro, Azenha, Carlos Barbosa – retorno.
Bairros diretamente ligados: Restinga, Espírito Santo, Vila Nova, Cavalhada, Camaquã, Nonoai, Teresópolis, Medianeira e Azenha.
Justificativa: Trata-se de uma reivindicação dos moradores da Zona Sul
que, maciçamente, tem encaminhado reivindicação de um acesso direto ao bairro
Azenha.
Essa é a idéia.
Essa é mais uma idéia que passo a minha cidade e a SMT. Aliás, ainda
não recebi da SMT nenhum retorno sobre a idéia de adequar a movimentação do
transporte coletivo da cidade a nova realidade do surgimento de um novo Centro
nessa área da cidade onde está a Câmara de Vereadores.
Da minha cidade e de meus companheiros, cidadãos porto-alegrenses, já
recebi inúmeras mensagens de apoio à idéia.
Aguardemos agora o retorno a essa nova proposição de criação de cinco
linhas transversais, de ônibus ou lotação, em nossa querida Porto Alegre.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Flávio Coulon, realmente acabamos de ouvir uma
brilhante exposição de V. Exa., fazendo uma revolução nos trajetos dos ônibus
que servem e ligam inúmeros bairros de nossa Cidade. Mas, apenas para fazer
justiça e deixar registrado no corpo do discurso de V.Exa., digo que o ilustre
Vereador que preside esta Sessão já fez, em outras épocas, pedidos semelhantes.
A grande dificuldade é exatamente conciliar os interesses de todas essas
empresas que estarão interligando e se entrecruzando para pegar os mesmos
passageiros. Evidente que a idéia que V.Exa. traz para contribuir para a
melhoria do usuário do transporte coletivo é magnífica. Mas isso implicaria uma
revolução, que não sei se nossa Cidade, nessas circunstâncias, estaria
preparada para enfrentar. Apenas quero deixar registrados esses detalhes em seu
discurso.
O SR. FLÁVIO COULON: Muito agradeço seu aparte.
Há poucos dias o Ver. Artur Zanella disse que vai entrar com um projeto ligando
uma linha da Restinga à Glória, via Cavalhada. Isso coincide com a minha
proposição, que estou fazendo aqui, de ligar a Restinga à Azenha, via
Cavalhada, uma grande reivindicação dos moradores de toda essa Zona Sul, porque
boa parte deles solicita um ponto terminal na Azenha. Eles não querem vir até o
Centro e depois pegar uma segunda condução. A outra idéia, agora a Linha T6, da
Carris, vai atender, que é uma ligação da Zona Norte, via Antônio de Carvalho,
até o campus da PUC. Aqui talvez haja
uma sobreposição. Isso é uma idéia a ser discutida e elaborada pela SMT. Mas, o
que está faltando é nós priorizarmos a população e não os transportadores.
Tenho notícias muito sérias de que a linha T6 da Carris está sendo
violentamente boicotada pelos transportadores. E pressionaram, violentamente, o
Prefeito Alceu Collares, no sentido de não deixar a Carris implantar a linha
T6, as transversais. Evidente, porque as transversais tiram os passageiros,
porque são duas conduções que o povo tem que tomar, e nesse caso é apenas uma.
Essa linha transversal, aqui, Vereador (mostra o mapa), ali do campo do Grêmio,
atravessando, passando pelo cemitério, descendo a Lucas de Oliveira, ou a
Vicente da Fontoura e subindo o morro do IPA e indo até a confluência da
Cristóvão Colombo com início da Benjamim Constant, essa linha é de alta
densidade populacional, de alto interesse populacional, porque vai atravessar a
Oscar Pereira, ela atravessa a Bento Gonçalves, a Ipiranga, Protásio Alves, o
morro do IPA, Casemiro de Abreu, ela pega a Bordini e vai até a Cristóvão
Colombo. A outra linha proposta que aproveita a Ramiro Barcelos, também faria a
ligação direta da Azenha com o Pronto Socorro, com a Independência, com a
Floresta. E a linha que pega a Getúlio Vargas, a Oswaldo Aranha e vem até a
rodoviária, é uma linha que ligaria o Menino Deus diretamente ao ponto
fundamental.
Então as linhas Ts, sem dúvida nenhuma, é um sucesso em Porto Alegre e
os usuários dessas linhas estão satisfeitos. Nós temos todo um sistema radial
de transporte aqui na Cidade, Ver. Goularte que me ouve com atenção, que é todo
mundo demandando ao Centro. Infelizmente estão faltando essas linhas
transversais, e, essa é uma idéia que hoje eu trago aqui, agradecendo a
colaboração do Ver. Raul Casa e a atenção de V.Exa., Ver. Jorge Goulart. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de
Liderança, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Os episódios da semana passada, que envolveram a votação do Projeto
Praia do Guaíba, nós ouvimos, da parte dos Vereadores do PDT, e infelizmente,
também, do Presidente desta Casa, inclusive em nota oficial, a afirmativa de
que teriam sido ecologistas a iniciar distúrbios, não só aqui no interior
quanto lá na rua, no pátio da Câmara de Vereadores. Pois recebo hoje, e
encaminho através de um Pedido de Informações, uma xerox de jornal, jornal Zero
Hora, contendo datilografado a identificação das pessoas que, em última
análise, realmente foram aquelas que, declaradamente, bateram, e bateram pra
valer, dentro deste Plenário. Uma cidadã de razoável peso é identificada como
Ana Aurora Molarinho, também conhecida como Ana da Tamanca, moradora da Rua
“B”, n° 3, na Vila Esmeralda, Vice-Presidente da Zonal 159 do PDT, funcionária
do DEMHAB – daí o motivo pelo qual nós vamos fazer o Pedido de Informações.
Quanto ao cidadão, no final dos eventos, recebeu de presente um tijolaço na
cara, depois de comandar, pessoalmente, a bateção aqui, ele é identificado como
Hamilton Rodrigues Nicolau, morador na Rua Borborema, n° 216, membro do
Diretório da Zona 159, do PDT, funcionário da Cia. Carris Porto-Alegrense e,
por casualidade, intimamente ligado ao Sr. Nelson Castan. Que era gente do PDT,
eu não tinha dúvida, até por que é gente conhecida nas “bocas” - onde tem
manifestação do PDT, em vila, eles estão lá, fazendo a segurança, quando não
fazem a tropa de choque. Que fossem funcionários públicos, pagos com o dinheiro
do contribuinte, para virem bater em contribuinte, realmente para mim, é
novidade. E vi baterem em contribuinte em hora de serviço, diga-se de passagem.
Eu encaminhei, já, um Requerimento à Presidência da Casa para saber
detalhes das coincidências curiosas em torno do fechamento do restaurante, da
abertura extemporânea do Plenário e de outras “cositas” mais que aconteceram
naquele dia. Distribuição de alimentos, para nós sabermos por conta de quem. E,
agora, recebemos esta denúncia, que vamos tratar de averiguar através daquilo
que cabe ao Vereador, o Pedido de Informações, fica, de toda maneira, bem
clarificado o que eu dizia a um jornal naquela mesma tarde: para o Prefeito da
Cidade, para o PDT, não interessava apenas aprovar um projeto que, aliás, todos
nós sabíamos, quando se pediu o art. 44 do Regime de Urgência, que já estava
aprovado, já havíamos chegado aos arreglos necessários, mas era, sobretudo,
para humilhar, espezinhar os militantes do Movimento Ecológico. Não entendem,
estes, de que alguns fazem a militância por convicção e não por interesses
particulares, não em troca de cargos, não em troca de FGs, ou coisas desse
tipo. Fica, portanto, aqui, o nosso registro, o nosso protesto e a nossa
denúncia uma vez mais sobre tais acontecimentos e, sobretudo, a minha
tranqüilidade no que eu dizia, já naquela tarde, que, com toda certeza, a
questão, a discussão, não era a ocupação ou não do Plenário por um segmento, ou
outro segmento, que apoiava ou discordava do Projeto, mas, sim, que aqueles que
estavam ocupando este Plenário, no primeiro momento daquela tarde, vieram,
sobretudo, com uma orientação precisa para agredir e o fizeram, diga-se de
passagem, com uma eficiência profissional. O registro não foi nosso, o registro
foi, no final daquele dia, dos meios de comunicação, das imagens de televisão.
Depois, no dia seguinte, também as fotos dos jornais e dos depoimentos dos
jornalistas. Se pensarem, no entanto, que ecologista tinha sangue de barata,
aí, sim, se deram mal. Ecologista pode não estar treinado para brigar, mas até
é capaz de subir em chaminé, enfrentar brigadianos e topar uma parada com
profissionais da bagunça. Fica o registro e nós vamos tratar de saber quem
pagou a estas pessoas nos órgãos municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Nada mais havendo a
tratar, declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h42min.)
* * * * *